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ARTIGOS

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O mundo vai acabar... em música!


O que você faria se só te restasse um dia? E fosse este dia?

Estas perguntas aparecem em uma canção do Paulinho Moska que foi bastante escutada nos anos 1990 e tema de abertura de uma telenovela. Mas, mais do que entreter, a canção traz a tona um dos assuntos que mais inquietam o ser humano: o fim do mundo. O medo do fim de tudo toma proporções cada vez maiores neste século, com direito a ondas gigantescas, tremores de terra avassaladores e usinas atômicas atingidas pela "fúria da natureza".
            O fim de tudo aparece em religiões, o fim está no cinema, o fim é cantado em mais de uma dezena de versos. E quem não acreditou que era o fim quando foi demitid@? E quando @ namorad@ foi embora? Parece que toda a existência é completamente obliterada em situações como estas.
            Em busca de reduzir danos, a espécie humana fez – e continua fazendo – previsões. Antever o futuro, o que está por vir foi a saída encontrada para lidar com a contingência, o acaso, a incerteza. Buscando a certeza, a continuidade, tentando aplacar a insegurança foram criados sistemas de previsão complexos que não são inteligíveis a uma primeira olhada até técnicas que podem garantir caminhos seguros através da análise das linhas das mãos e das formas que aparecem na borra do café depositado no fundo da xícara.
            Zodíaco, linhas das mãos, búzios, tarô. Tais manifestações da necessidade humana de controlar o acaso estão no nosso cotidiano. Os jornais têm uma seção que elenca a previsão do dia para indivíduos deste ou daquele signo. Na internet pode-se fazer uma consulta ao tarô. E, no lado oposto, estão os que afirmam que só Deus sabe o que o futuro reserva a cada um. Todos esses exemplos provam que o temor do amanhã incerto e a busca por segurança são dois lados da mesma moeda.
            O medo do fim do mundo representa em uma escala global um temor que é também local. Mais que local é pessoal. Tememos a morte. E o fim de uma vida não é apenas o fim de um indivíduo. É também todo um mundo que deixa de existir com ele.
            E em 2012 o temor do fim de tudo volta mais forte. Segundo alguns acreditam, em 21 de dezembro tudo será extinto. A partir de uma leitura de uma profecia maia e com o apoio de filmes catástrofe, propagou-se, mais uma vez, a ideia da proximidade do fim.
            A partir de uma leitura mística, aquele calendário tornou-se pop e, principalmente, a após os anos 1990 ficou mais forte tal ideia.
            E no Brasil a temática do fim do mundo está presente em livros, telenovelas e canções. No caso desta última, podemos escutar desde sambas até rock’n roll.
            Carmem Miranda pode ser a primeira, cantando uma composição de Assis Valente, E o mundo não se acabou, que, de maneira bem humorada mostra as ações de alguém que ouviu anunciarem que o mundo ia se acabar:


           
Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a bôca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...

Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a bôca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar...

O Maluco Beleza, Raul Seixas, também tratou do tema em As profecias:




Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho em silêncio calado
Com uma pergunta na alma
Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?

Está em qualquer profecia
Dos sábios que viram o futuro,
Dos loucos que escrevem no muro.
Das teias do sonho remoto
Estouro, explosão, maremoto.
A chama da guerra acesa,
A fome sentada na mesa.
O copo com álcool no bar,
O anjo surgindo no mar.
Os selos de fogo, o eclipse,
Os símbolos do apocalipse.
Os séculos de Nostradamus,
A fuga geral dos ciganos.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia.

Um gosto azedo na boca,
A moça que sonha, a louca.
O homem que quer mas se esquece,
O mundo dá ou do desce.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia.
Sem fogo, sem sangue, sem ás
O mundo dos nossos ancestrais.
Acaba sem guerra mortais
Sem glorias de Mártir ferido
Sem um estrondo, mas com um gemido.

Os selos de fogo, o eclipse
Os símbolo do apocalipse
A fuga geral do ciganos
Os séculos de Nostradamus.
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Um dia...
Sim, sim, sim...

Em Canção Agalopada, Zé Ramalho descreve um cenário tão medonho quanto o de Raul Seixas:




Foi um tempo que o tempo não esquece
Que os trovões eram roncos de se ouvir
Todo o céu começou a se abrir
Numa fenda de fogo que aparece
O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos
Na fronteira de um mundo alucinado
Cavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos

Sete botas pisaram no telhado
Sete léguas comeram-se assim
Sete quedas de lava e de marfim
Sete copos de sangue derramado
Sete facas de fio amolado
Sete olhos atentos encerrei
Sete vezes eu me ajoelhei
Na presença de um ser iluminado
Como um cego fiquei tão ofuscado
Ante o brilho dos olhos que olhei

Pode ser que ninguém me compreenda
Quando digo que sou visionário
Pode a bíblia ser um dicionário
Pode tudo ser uma refazenda
Mas a mente talvez não me atenda
Se eu quiser novamente retornar
Para o mundo de leis me obrigar
A lutar pelo erro do engano
Eu prefiro um galope soberano
À loucura do mundo me entregar

Eduardo Dussek, considerado um dos primeiros showman do Brasil intitulou Nostradamus uma de suas canções que tratam do tema do fim do mundo:




Naquela manhã
Eu acordei tarde, de bode
Com tudo que sei
Acendi uma vela
Abri a janela
E pasmei

Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu disse bom dia
E ignorei

Telefonei
Pr'um toque tenha qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu disse: "Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudoo, calamidade, juízo final
Então és tu?"

De repente na minha frente
A esquadria de alumínio caiu
Junto com vidro fumê
O que fazer? Tudo ruiu
Começou tudo a carcomer
Gritei, ninguém ouviu
E olha que eu ainda fiz psiu!

O dia ficou noite
O sol foi pro além
Eu preciso de alguém
Vou até a cozinha
Encontro Carlota, a cozinheira, morta
Diante do meu pé, Zé
Eu falei, eu gritei, eu implorei:
"Levanta e serve um café
Que o mundo acabou!"

E mais recentemente foi exibida uma telenovela intitulada O fim do mundo que teve como tema de abertura a canção O último dia, de Paulinho Moska:




Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Corria prum shopping center
Ou para uma academia
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria

Andava pelado na chuva
Corria no meio da rua
Entrava de roupa no mar
Trepava sem camisinha

Meu amor
O que você faria?
O que você faria?

Abria a porta do hospício
Trancava a da delegacia
Dinamitava o meu carro
Parava o tráfego e ria

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria...

            Se o mundo vai acabar neste 21 de dezembro de 2012 ou em outra data, não sabemos. Mas tenha certeza que essa ideia não é tão nova que cause tanta surpresa nem tão velha que não desperte interesses.
            TUDO É HISTÓRIA.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

NEGR@S: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE NÓS QUE QUEREMOS QUE SEJAM LEMBRADAS TODOS OS DIAS


20 DE NOVEMBRO, dia da consciência negra. Eventos por todo o país lembram a morte do líder do quilombo dos Palmares, Zumbi. Por séculos essa data sequer foi lembrada e somente após muita reivindicação dos grupos afrodescendentes é que foi estabelecida oficialmente. 

Costuma-se realizar shows com artistas consagrados, são feitas manifestações em praças, a imprensa noticia e muita gente felicita negros e negras por essa data. Considero importante e tão importante é que vale a pena lembrar alguns pontos:

1. NÃO SOMOS DESCENDENTES DE ESCRAVOS: somos descendentes de africanos que foram  escravizados. Escravo não é espécie, não existem escravos machos e escravas fêmeas que acasalaram e originaram escravinhos, nascidos biologicamente determinados a “servir” outras pessoas; ESCRAVO É CONDIÇÃO IMPOSTA E NÃO ESPÉCIE;

2. MEU CABELO NÃO É RUIM: não matou ninguém, não bateu em crianças, não torturou. É MEU CABELO, É BOM PARA MIM. O SEU CABELO É SEU E POR ISSO É BOM PARA VOCÊ. Afirmar que meu cabelo, diferente do seu, é ruim, é manter o discurso histórico de valorização do padrão estético europeu. Esse discurso negou e nega a afirmação de beleza e identidade afro-brasileira. Como compôs Chico César: RESPEITEM MEUS CABELOS, BRANCOS;

3. NÃO SOU UM SAMBISTA DE NASCENÇA: nem dançarino natural, nem corredor de maratona e muito menos jogador de futebol desde o interior do útero de minha mãe. Se há destaques afro-brasileiros nessas áreas isso merece uma observação: há falta de investimentos noutras áreas, o que limita participação “ao que está mais perto” da realidade dos que se destacaram na música, na corrida, no futebol. Estenda escolas de qualidade para a população negra, possibilite acesso ao conhecimento científico e forme cientistas e assim sucessivamente em outras vertentes do saber e do fazer humanos;

4. ERRAR É HUMANO: quando erro, o fiz por não saber e não porque sou negro; frases como “viu o que ele fez? Também, só podia ser negro”, são carregadas de visão estereotipada, arrogante e depreciadora; quando se afirma dessa maneira, pode-se entender que quando um negro erra, é porque ele é naturalmente é um “errador”. Quando acertamos não se diz “acertou pois é negro”. Entendeu o caminho do discurso que legitima preconceitos,   estereótipos?

5. POSSO ME VESTIR DO JEITO QUE EU QUISER: se uso roupas coloridas, sem cor, saias curtas, blusas decotadas é porque EU QUERO USAR. Afirmar: “ela/ele se veste desse jeito porque é negr@” recai no que foi escrito acima; colorida ou sem cor, é roupa. NÃO EXISTE ROUPA DE NEGRO E NEM ROUPA DE BRANCO; É TUDO ROUPA. Posso usar roupas que meus ancestrais usaram, posso usar roupas que estadunidenses vendem – ainda que pouco propícias ao clima do local que vivo; o faço pois vivo em sociedade e não porque sou negr@;

6. NÃO SOU PRECONCEITUOSO COMIGO MESMO OU RACISTA COM OUTRAS PESSOAS NEGRAS: se há negr@s que fazem comentários racistas, o fazem como fruto da sociedade que foi gerada durante séculos de escravidão e que construiu a negação do ser negr@ associando muita coisa ruim a palavra NEGRO (abra o dicionário nesta e tire suas conclusões), logo, é mais difícil querer ser identificado com coisas ruins, não é?

7. USAR UMA CAMISA COM O TEXTO 100% NEGRO, NÃO É RACISMO: acompanhe o raciocínio: afirmar-se 100 % negr@ é posicionar-se tendo como objetivo tornar positivo algo que foi secularmente taxado de negativo. É mais possível uma pessoa negr@ não ter conseguido emprego, ter sido a única revistada por policiais em um coletivo porque era negra do que porque era branca. Esse mesmo raciocínio pode ser estendido para mulheres e homossexuais.

8. EXU NÃO É O DIABO, OXALÁ NÃO É JESUS: o Mal não foi criado pelos africanos com suas diversas religiões, até porque, se você desligar o botão do preconceito e do medo, implantado em sua mente pela tradição judaico-cristã, conhecerá religiões com características bastante humanitárias. Acreditar no que sacerdotes, que afirmam terem participado dessas religiões, falam, sem procurar saber, é se privar de algo que, segundo a tradição judaico-cristão, nos diferencia de outros animais: o livre-arbítrio. Há charlatões em todos grupos religiosos, então não fale da sujeira da casa alheia se a sua tem lixo no quintal;

9. MEU PÊNIS NÃO É GIGANTESCO E NEM MINHA VAGINA É MAIS QUENTE PORQUE SOU NEGR@: tradicionalmente se afirmou que homens negros/afrodescendentes são mais “bem dotados” que os outros. Ainda que supostas pesquisas científicas afirmem que a média dos homens negros tenha o órgão sexual maior que os homens brancos, existem homens brancos (e não devem ser poucos) com pênis grandes também.
                Muitas mulheres não negras transam tão bem quanto mulheres negras; esse discurso é tão introjetado que quando homens conversam sobre alguma mulher com quem estão saindo ou simplesmente vai passando na rua, dizem: “tô saindo com uma ‘nega’ boa danada”, ou “olha ali, que ‘nega’ gostosa”, e usam para se referir a mulheres brancas. Talvez você agora pense que é exagero. Não é exagero, não. As visões preconceituosas foram tão repetidas que se naturalizaram e não percebemos o sentido implícito  do que falamos e/ou pensamos;

Concluindo: NÃO SOU DESCENDENTE DE ESCRAVO; MEU CABELO NÃO É RUIM; NÃO TENHO QUE SABER SAMBAR, DANÇAR, JOGAR FUTEBOL OU SER EXÍMIO CORREDOR; USO ROUPAS COLORIDAS - OU NÃO - PORQUE EU QUERO; ERRO PORQUE SOU HUMANO E TODOS HUMANOS PODEM ERRAR; NÃO SOU UM HOMEM TRIPÉ OU MULHER COM VAGINA FLAMEJANTE... SOU HUMANO COMO VOCÊ, QUE LÊ ESTE TEXTO, E TENHO DIREITO AO RESPEITO E A RECLAMAR QUANDO SOU MALTRATADO.

Consciência negra não é só para negr@s. É consciência para tod@s que são excluíd@s nessa sociedade e que sendo negr@s padecem mais cruelmente ao som do ainda vivo discurso da democracia racial.

Mais do que falar sobre o que acontece temos que agir para mudar e essa mudança pode começar parando de contar piadas sobre negr@s, sorrir quando alguém conta e nos posicionarmos contra qualquer ato discriminatório, contra qualquer pessoa, independente da aparência, sexualidade, poder aquisitivo, origem, credo religioso ou ateísmo. Aí sim, serão desnecessários dias da Consciência Negra, das Mulheres, dos Índios...

PENSE FORA DA CAIXA

Tenha HISTÓRIA NA CABEÇA

sábado, 17 de novembro de 2012

OS SOCIALISMOS


Kropotkin, Marx e Bakunin
Ao tratar das revoluções que aconteceram no século XX é crucial entender  o conjunto de ideias que sustentou ideologicamente a maioria desses movimentos. As teorias socialistas ou socialismos.
         Os socialistas utópicos têm como principais representantes, na França, Saint-Simon, Charles Fourier, Pierre-Joseph Proudhon, Louis Blanc e Auguste Blanqui. Na Grã-Bretanha, Robert Owen é o nome de maior destaque.
         Os socialistas utópicos não destacam a oposição proletariado X burguesia. Eles defendem a reforma, a conciliação para a redução das desigualdades. Foi o caso de Saint-Simon, que defendeu uma sociedade administrada por todos: operários, banqueiros, sábios. Fourier, por sua vez, defendeu a criação de falanstérios, que agregariam de 1200 a 5000 pessoas e tentou conseguir financiadores para o seu projeto.
         Caminhos mais incisivos de crítica ao capitalismo foram abertos por Proudhon, para quem a propriedade é um roubo. Ele defendeu a igualdade e a liberdade criticando o individualismo burguês. Foi considerado o pai de todos os socialistas e precursor do anarquismo.
          Socialismo Científico. Seus principais representantes foram Karl Marx (imagem ao lado) e Friedrich Engels. Suas ideias foram elaboradas no contexto de exploração do trabalhador, de um lado e, de outro, um maior domínio do ser humano sobre a natureza, o progresso, a produção em massa de mercadorias.
         Os socialistas científicos explicam a História através do materialismo histórico, teoria que defende que a existência humana é caracterizada pela forma com a qual reproduz suas condições, ou seja, através do trabalho, dos fatos materiais. A base econômica – a infraestrutura – é o primeiro nível de sustentação de uma sociedade, é como o ser humano se relaciona com a natureza, com outros indivíduos, e estes se dividindo entre proprietários e não-proprietários.
         A superestrutura – o 2º nível – é constituído pelo Estado, pelo Direito, pela religião, leis, educação, literatura...
         No momento em que percebe as contradições da sociedade, o ser humano pode agir sobre aquilo que existe e o influencia e determina, segundo Marx.
         Anarquismo. Mais do que uma teoria, alguns entendem o anarquismo como um movimento, uma vez que, no âmbito teórico desconfia das teorias, que podem descambar para o dogmatismo dos partidos políticos, que podem exercer controle político.
         Os anarquistas criticavam o Estado por entenderem que este representava os interesses dos proprietários. A pergunta é: como seria, então, a organização social? E a resposta dos anarquistas foi a seguinte: comunidades autogovernadas. Nestas não existiria autoridade, a descentralização política com participação direta de todos na tomada de decisões garantiria o bem estar geral. Seriam formadas federações de ação nacional e internacional, garantindo-se a democracia direta. Delegados teriam mandato temporário, apenas para defender as opiniões de sua comunidade de origem. Os anarquistas mais lembrados foram Bakunin, Kropotkin.
         Tais ideias foram formuladas nos idos do século XIX e, com devidas adaptações aos contextos que toda ideia passa, influenciaram os revolucionários que atuaram contra estruturas opressoras. Estruturas agrárias, industrializadas ou em processo de industrialização foram questionadas e ruíram dando lugar a experiências socialistas que inflamaram paixões e mudaram a vida de centenas de pessoas.
         Ao pensar sobre as experiências socialistas do século XX devemos considerar o momento de sua organização, os fatores que influenciaram sua formação e, não menos importante, a dimensão humana de seus líderes e apoiadores. Pensar dessa forma contribuirá para uma reflexão mais acurada sobre as desigualdades contemporâneas e evitará idealizações ou satanizações que todas as causas geram.

Pense fora da caixa.

Tenha HISTÓRIA NA CABEÇA.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sobre o Dia de Professoras e Professores


Dia 15 de outubro é uma data especial para muita gente. Dia do professor. Chovem felicitações, desabam elogios, enchentes de agradecimentos afogam os perfis na rede e antes dela, cartões bonitinhos, com corações e outros mimos.
                Entretanto, deve ser um dia para reflexão, tanto de professores e professoras quanto de estudantes e todos que estejam envolvidos no complexo processo de ensino-aprendizagem.
                Ser professor não é um dom. Ser professor não é sacerdócio. Ser professor não é ser pobre. Explico.
                As atividades ligadas ao magistério precisam de técnica. Expressão oral pode ser aperfeiçoada, cursos de oratória ajudam a desenvolver a capacidade de comunicação que todo ser humano possui. Falar em público não é pra todo mundo (se fosse não existiriam cursos para isso). Dom de falar todos têm, ser ouvido e entendido é outra coisa.
                Preparar aulas não é ler um texto, escrever no quadro ou passar um filme. Planejamento requer domínio de conteúdo, reflexão sobre a melhor maneira de abordar temáticas e capacidade de refletir sobre a própria prática e o resultado do que foi feito em sala de aula.
                Professores passam horas da vida estudando, lendo livros, fazendo resumos, debatendo com colegas para serem vistos como mercenários quando cobram aumento de salários ou valores considerados altos para aulas particulares. É investimento, não gasto.
                Reportagens em primeira página de jornal: CENTENAS DE ESTUDANTES SÃO PREJUDICADOS PELA GREVE. E em seguida as declarações:

- meu  filho vai ter o aprendizado prejudicado.
- Logo agora que já está no último semestre da faculdade...

Interessante, pois são os mesmos pais que desrespeitam professores quando os filhos fantásticos batem em colegas, perturbam a aula e até agridem o professor. Ou a clássica nota baixa e a frase que eu escuto muito:

- meu filho ficou em recuperação em História (em algumas escolas, Sociologia)! Como pode, professor Salviano?

                Simples, dona Fulana: ele não estudou, não entregou uma atividade, sequer fora do prazo e ainda não prestava atenção na aula, mais interessado no facebook, instagram e outras inovações tecnológicas.
                Não se questiona o seguinte: é a educação dos filhos que está em jogo. Baixa remuneração, escolas precárias e somos responsáveis pela miséria do mundo.
                Não senhora, não passei e passo horas estudando para ser palhaço para seus filhos sorrirem. Essas leituras enviesadas de Paulo Freire (pouco lido de verdade e muito falado),e de supostos educadores como Gabriel Chalita e os outros que provavelmente não passaram ou passaram pouco tempo em sala de aula não são válidas para tratar de minha prática.
                Pedagogias do afeto, do amor são muito bonitas. Filmes como Sociedade dos Poetas Mortos, Clube do Imperador, O Triunfo são muito belos mas esvaziam a discussão real sobre o papel do professor em uma estrutura que valoriza mais o que é técnico do que reflexivo. Parece que somos feitos apenas de amor, carinho ou excentricidade.
                Não quero afirmar que todos somos perfeitos. Longe disso. Existem professores e professores assim como médicos e médicos.
                Costumo dizer aos meus estudantes em cursos pré-vestibulares e no meu curso particular:

- quer ser médico? Vá ser médico!
- quer ser desembargador? Vá ser desembargador! Não curse Biologia e se torne professor porque não passou em Medicina, ou História pois foi reprovado no vestibular para Direito. O MUNDO NÃO PRECISA DE MAIS PROFISSIONAIS FRUSTRADOS!
                A condição é essa: muito trabalho, pouco resultado imediato, riscos de vida. Se acredita que vai aguentar, siga adiante. Se pensou que ia conseguir e se surpreendeu negativamente, SAIA DA SALA DE AULA. OU REIVINDIQUE. MAS NÃO QUEIME COLEGAS DE TRABALHO QUE ACREDITAM NO QUE FAZEM E FAZEM EM PROL DA COLETIVIDADE. O que temos hoje foi fruto de outros professores que não temeram avançar.
                Se sua vida como professor não te agrada, saia dela. É o que fazemos com estação de rádio quando não toca a música que queremos ouvir. Mas não desanime estudantes que te perguntam se é bom ser professor. Exponha as condições e contradições. Não temos direito algum de dizer para jovens que nosso ofício é péssimo e, estranhamente, ainda estamos nele.
                Agradeço todos e todas que foram meus estudantes, o reconhecimento de vocês é muito bom, mas ficarei mais feliz se puder encontra-los atuando de maneira mais incisiva sobre a sociedade, apoiando mudanças, contra as formas diversas de injustiça que trajam  pele de cordeiro com discursos de liberdade.
                Quero estudantes que me questionem. DISCÓRDIA é o termo que uso em minhas aulas para definir a prática do ano letivo. Respeito todos e todas que discordarem do que digo. Se me contradigo, cito Walt Whitman: Contenho multidões.
                Quero estudantes responsáveis, que entreguem atividades no prazo, respeitem os colegas de sala, sejam honestos e não filem, pois como podemos questionar, com legitimidade, os desmandos de nossos políticos se em nosso microuniverso também transgredimos? Estendendo tais comportamentos para outras áreas da vida, além da escola, terão feito a diferença.
                Pode parecer desabafo, pode parecer fúria. É tudo e nada disso. Pois no dia 15 de outubro desabam elogios, beijos e abraços e eu gosto muito de tudo isso, mas precisamos pensar mais profundamente. E AGIR.
                Para mim, Salviano Feitoza, professor de História, o dia 15 representa dia de reinvenção, de negação do que está dado como pronto. 
                     É PENSAR FORA DA CAIXA. 
                     
                     É TER HISTÓRIA NA  CABEÇA.