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ARTIGOS

quinta-feira, 30 de maio de 2013

ALANE, CAROL BURGOS, DIANA, DIOGO, JULIA, LAIS, MARCELO, MOEMA, VADIAS, CLARO... um pouco de combustível para me fazer seguir adiante

Após a Marcha das Vadias ter acontecido em Recife, cidade que me serve de posto de trabalho, fiquei animado com as possibilidades de lutas sociais. As coisas mudam, sempre, já afirmara Heráclito. Mas algumas coisas permanecem, afirmou, talvez, Raul. Mas, por pouco tempo, também. 
Marcelo, Alane e Julia


Não dá para continuar violentando, roubando, matando, vilipendiando impunemente. As violências, as mais diversas, pois existem várias (já escrevera o sociólogo francês), podem e devem ser denunciadas e as autoridades, cobradas para garantirem aquilo para o qual existem: segurança e bem-estar para todxs. Noutros momentos, poderia-se xingar, agredir fisicamente e, a violência suprema, matar com grande margem de folga de sair impune. E se tivesse como justificativa a honra, até prêmio era possível receber.

Leis são criações da necessidade de regular o convívio em sociedade. Num entendimento simplificado, seriam fruto da necessidade de limitar algo que está afetando a existência de um grupo ou parte dele (aqueles que compõe a superestrutura, no dizer do judeu vermelho e influente). Pense da seguinte forma: para que o Criador (na tradição judaico-cristã) estabelecesse dez mandamentos, o Decálogo, proibindo roubo, assassinatos, cobiça da mulher alheia, juras do sacro nome em vão, era porque tudo que estava sendo proibido era praticado em tão larga medida que atrapalhava a coesão, a segurança e o bem-estar do grande grupo. Entendido isso, sigamos o raciocínio.

A sanção de leis como a Maria da Penha, a lei seca, o código de trânsito mais rígido são fruto, seguindo o que foi escrito acima, da necessidade de intervenção do Estado em determinado âmbito da vida coletiva, ou seja, se há um código mais rígido de controle do trânsito, este estava “descontrolado”, se há maior fiscalização e, por extensão, punições para quem dirige embriagado, muita gente foi prejudicada – inclusive irreversivelmente – por pilotos embriagados, então, uma lei que pune desde tapas, empurrões e extinção da vida feminina, é fruto do perigo para a segurança e o bem-estar PRINCIPALMENTE DAS MULHERES que a violência masculina gerava (e ainda gera).

A situação mudou. Ainda bem. Quando fui para a Marcha das Vadias, uma certeza tinha em mente: estou fazendo parte da História, sou um sujeito da História. Eu e outras pessoas que lá estavam, Vadias com “V” maiúsculo; Vadias que vi quando tinham 13/14 anos de idade e tiveram aulas de História comigo na 6ª, 7ª, 8ª série; Vadiazinhas, como chamei. Vadios também. Pense numa felicidade, daquelas que só mães e pais devem sentir quando veem que xs filhxs “deram pra gente de bem”, como minha mãe diz, ainda hoje.


Carol, Alane, Diana e Marcelo
Iana, Diogo, Anne, Lais e Tauana 
Outrxs que estão comigo este ano, tratando de Sociologia e que dizem para mim, sem uma palavra proferida: “acredito que posso mudar algo, que sou parte importante na transformação”, marcaram presença e confirmaram a máxima do Velho Deitado que diz: “seja exemplo e outrxs serão também”. Moema,  Alane, Marcelo, Diana, Diogo, Carol Burgos, Lais, essa postagem escrevo inspirado em vocês. Vocês injetaram mais combustível revolucionário em minha mente. Vê-los reivindicando fim da violência contra mulheres foi a certeza que estou no caminho certo, que procurar viver de acordo com o que falo em sala de aula é o caminho, espinhoso demais na maior parte das vezes, mas recompensador. 

Passarei, é verdade, mas a semente da Discórdia que plantei em vocês e noutrxs, seguirá. 

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