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ARTIGOS

sábado, 4 de julho de 2015

A "NÊGA" DO JORNAL, EMICIDA E O EMPODERAMENTO QUE INCOMODA

A "NÊGA" DO JORNAL, EMICIDA E O EMPODERAMENTO QUE INCOMODA

Essa semana as redes sociais foram tomadas (mais uma vez) pela repercussão do racismo do vizinho, que xingou a apresentadora do jornal - o nacional, da globo - a rede.

O caso oferece mais um (de novo) exemplo do racismo que compõe a nossa sociedade, que compõe cada um de nós. Mas o racismo que foi para as redes sociais é só a culminância daquele que está em todas as relações cotidianas, desde as de trabalho, passando pelas televisivas e, principalmente nas amigáveis da mesa de bar, das festas, das rodas de conversa, das piadas contadas e sorridas.

Uma forma de entender os comentários racistas (além do óbvio racismo) diz respeito a um processo maior: o de empoderamento da população negra. Comecemos entendendo o que é empoderamento.

Empoderar pode ser entendido como fortalecer e, se formos estender, assumir o poder. Muitos grupos que historicamente não participavam de maneira tão ativa da vida política e mesmo cotidiana estão cada vez mais nas ruas e também nas instituições da política "oficial".

Mas também estão "aparecendo", indo além. Aqui a referência é para a população negra. Ao usar o termo "aparecendo" faz-se referência visual mesmo: é cada vez maior o número de pessoas que "assumem" o cabelo crespo, que deixam de lado as chapinhas, os alisamentos.

Ao fazerem isso trazem para si os olhares que não estão acostumados, os aperreios (culturalmente adquiridos) de verem, isso mesmo, VEREM negros e negras.

E com o aumento do poder financeiro de parte da população negra, além do acesso aos cursos universitários, temos profissionais muito competentes em cargos que antes era-lhes vedada a participação, "incomodando" quem sempre teve a possibilidade de ter acesso àqueles espaços.

Há uma espécie de "outrofobia" cada vez maior, cada vez mais praticada. Esse temor do/a outro/a é temor de mudança e nesse caso da Maria Julia Coutinho é o que se pode identificar.

Se formos pensar em um quadro mais apocalíptico ainda (para esses seres outrofóbicos, racistas) teríamos um temor de uma reação efetiva da população que está nas periferias, favelas, amargando as mazelas da humanidade turbinadas pelo sistema econômico.

"Nóiz quer ser dono do circo
Cansamos da vida de palhaço"

Trecho do recente clipe de Emicida nos dá um exemplo dessa possibilidade. Possibilidade temerosamente real - para os/as odiadores/as.

Boa Esperança
Emicida
 
Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão!
Bomba relógio prestes a estourar

O tempero do mar foi lágrima de preto
Papo reto como esqueletos de outro dialeto
Só desafeto, vida de inseto, imundo
Indenização? Fama de vagabundo
Nação sem teto, Angola, Keto, Congo, Soweto
A cor de Eto'o, maioria nos gueto
Monstro sequestro, capta-tês, rapta
Violência se adapta, um dia ela volta pu cêis
Tipo campos de concentração, prantos em vão
Quis vida digna, estigma, indignação
O trabalho liberta (ou não)
Com essa frase quase que os nazi, varre os judeu – extinção

Depressão no convés
Há quanto tempo nóiz se fode e tem que rir depois
Pique Jack-ass, mistério tipo lago Ness
Sério és, tema da faculdade em que não pode por os pés
Vocês sabem, eu sei
Que até Bin Laden é made in USA
Tempo doido onde a KKK, veste Obey (é quente memo)
Pode olhar num falei?

Aê, nessa equação, chata, polícia mata – Plow!
Médico salva? Não!
Por quê? Cor de ladrão
Desacato, invenção, maldosa intenção
Cabulosa inversão, jornal distorção
Meu sangue na mão dos radical cristão
Transcendental questão, não choca opinião
Silêncio e cara no chão, conhece?
Perseguição se esquece? Tanta agressão enlouquece
Vence o Datena com luto e audiência
Cura, baixa escolaridade com auto de resistência
Pois na era Cyber, cêis vai ler
Os livro que roubou nosso passado igual alzheimer, e vai ver
Que eu faço igual burkina faso
Nóiz quer ser dono do circo
Cansamos da vida de palhaço
É tipo Moisés e os Hebreus, pés no breu
Onde o inimigo é quem decide quando ofendeu
(Cê é loco meu!)
No veneno igual água e sódio (vai, vai, vai)
Vai vendo sem custódio
Aguarde cenas no próximo episódio
Cês diz que nosso pau é grande
Espera até ver nosso ódio

Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão
Bomba relógio prestes a estourar

pense FORA DA CAIXA  ||  Super Sociologia


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