Menu Superior Horizontal

  • E
  • D
  • C
  • B
  • A

ARTIGOS

sexta-feira, 7 de abril de 2017

⁠⁠⁠IDEIA CANTADA - XANEU N. 5


Há uma relação de amor e ódio entre setores da sociedade e os meios de comunicação, destaque para a televisão. Meio de comunicação de massa por excelência, a “caixa mágica” é responsabilizada por definir gostos, controlar vontades e manipular desejos.



A Xaneu nº 5 canta para nós a ideia da TV como membro da família, que participa e conhece o telespectador em suas intimidades. É um veículo homogeneizador de produtos para consumo imediato e estes produtos são parte da complementação existencial de cada um. Seriados, novelas que acabam e deixam a pergunta: “o que será de mim?”

Mas a canção também mostra conscientização que vai na contramão da ideia de que telespectadores/as são destituídos de vontade própria e que aceitam sem restrições tudo o que a TV oferece. As contradições são percebidas e expostas em tom de denúncia que vai da descrença na notícia até o conflito entre a imagem que é vendida e a realidade, entre o programa de culinária e o país que não tem ovo para por na panela.

Essas questões são abordadas por pensadores como Louis Althusser, Pierre Bourdieu e alguns representantes da Escola de Frankfurt. 

Confira a letra:

A minha tv não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim.
Assistindo a todos os meus segredos,minhas parcerias, dúvidas, medos,
Minha tv não obedece.
Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar.
Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi.
Vi.
A minha Tv não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar.
Me disse que se rende a internet em suma não se submete a nada pra me informar.
Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei.
A notícia que esperava consegui na madrugada num site, flick, blog, fotolog que acessei.
A minha Tv tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá.
Mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar.
Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi,
triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim.
Ela não Sap quem eu sou,
Ela não fala a minha língua.
Não.
"Pô tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano, não aguento mais, é foda!"
Manda bala Fernando...
Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação.
Qualquer palavra satisfaz.
A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz.
O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio.
Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia.
O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa.
A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto.

Falou e disse...Num passado remoto perdi meu controle...
Num passado remoto perdi meu controle...Num passado remoto...

Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz..

Ela não Sap quem eu sou, Ela não fala a minha língua.
Ela não Sap quem eu sou, Ela não fala a minha língua.
Ela não Sap quem eu sou, Ela não fala a minha língua.
Ela não Sap quem eu sou, Ela não fala a minha língua.
Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.

A minha tv tá louca.
 
#penseforadacaixa | #ideiacantada

0 comentários:

Postar um comentário