Tratar da história de Roma é tratar da história de um povo que foi, em grande parte, herdeiro da produção cultural grega sem, no entanto, ser apenas uma cópia, uma vez que aspectos específicos dos romanos podem ser observados nessas produções.
Assim como os gregos, os romanos também tiveram uma origem lendária, que pode ser acompanhada na obra Eneida, de Virgílio: Numitor, rei de Alba Longa, fora destronado por Amúlio e seus netos, Rômulo e Remo, foram jogados no Rio Tibre mas não morreram, foram salvos e amamentados por uma loba. Ao se tornarem adultos, retornaram a Alba Longa e depuseram Amúlio. Como recompensa receberam o território no qual fundaram a cidade. Um desentendimento entre os irmãos e a morte de Remo fizeram de Rômulo primeiro monarca romano.
A fase monárquica de Roma tinha a seguinte organização social:
1. patrícios: eram os cidadãos, possuidores de terra e gado
2. clientes: parentes pobres sob proteção da família e submetidos à autoridade absoluta do chefe do gens;
3. plebeus: não pertenciam ao gens; estrangeiros, artesãos; pequenos comerciantes e mini fundiários;
Politicamente o poder estava concentrado no rei; o senado era o órgão que podia vetar ou não as leis elaboradas pelo rei e a assembléia curiata, que ratificava as leis e era composta por todos os cidadãos em idade militar.
REPÚBLICA
Segundo o relato tradicional a monarquia romana foi encerrada por uma revolta do povo, que liderado por um aristocrata expulsou o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo e colocou no seu lugar dois magistrados que seriam eleitos a cada ano. Esses magistrados eram os cônsules e o regime que se iniciava era a república. O motivo da revolta teria sido o abuso sofrido por Lucrecia, que foi cometido pelo filho do rei Tarquínio.
Porém, vale salientar que essa versão da história é lendária. Historicamente, a mudança de regime está relacionada com a conjuntura complexas das cidades que estavam sob comando dos etruscos na península. O rei foi substituído por magistrados e o domínio dos etruscos desaparecendo, até ser efetivamente expurgado entre 480-470 aC.
Observe abaixo um esquema geral das magistraturas romanas
magistraturas:
1. cônsules: dois magistrados com poder de rei; comandavam o exército, convocavam o Senado e presidiam os cultos públicos;
2. pretores: ministravam a justiça; dividiam-se em urbanos e peregrinos;
3. censores: vigiavam a conduta e eram os responsáveis pelo censo da população que fornecia os dados para a elaboração do Álbum Senatorial;
4. questores: administravam o tesouro; orientavam financeiramente os cônsules em campanhas militares;
5. edis: responsáveis pela conservação do patrimônio público, do abastecimento, da distribuição dos mercados;
6. tribunos da plebe: eram os representantes dos plebeus. Esse cargo apenas foi conseguido após várias confrontações.
Agora, observe o quadro das assembléias.
1. centurial. Era responsável pela votação dos projetos. Era formada pelas centúrias, grupos de cem soldados cidadãos. Os patrícios estavam reunidos em 98 centúrias e os plebeus em 95. como o voto era contado por centúria os plebeus eram sempre prejudicados.
2. Curial. Responsável pelos assuntos religiosos.
3. Tribal. Responsável pela nomeação dos questores e edis.
A república romana foi marcada por uma série de conflitos envolvendo os patrícios e os plebeus. Estes buscavam participação política que lhes era vedada pelos privilégios dos primeiros. Entre os anos 494 e 287 aC várias foram as rebeliões e reivindicações. Eis um quadro resumido:
1. 494 aC – os plebeus vão para o monte Aventino: cria-se o cargo de tribuno da plebe;
2. 450 aC – sucessivas revoltas levaram a convocação de dez juristas que ficariam responsáveis pela elaboração das leis escritas – Lei das Doze Tábuas;
3. 445 aC – elaboração da Lei Canuléia, que possibilitava casamento entre plebeus e patrícios;
4. 367-66 aC – elaboração da Lei Licínia Sextia, que abolia a escravidão por dívidas;
5. 287-86 aC – criado o plebiscito.
Após a consolidação do seu domínio na península itálica os romanos entraram em conflito com a cidade de Cartago, que fora fundada pelos fenícios em 814 aC, no norte da África. A expansão romana pelo Mediterrâneo ameaçava o domínio cartaginês.
As Guerras Púnicas ocorreram entre 264 e 146 aC.
A) I Guerra Púnica – 264-41 aC. Pagamento de pesada indenização; entrega da Córsega e Sardenha;
B) II Guerra Púnica – 218-02 aC. Aníbal Barca saiu de Cartagena com tropas de soldados com elefantes; Aníbal retornou a Roma pois Cipião, o Africano havia cercado Roma;
C) III Guerra Púnica – 150-46 aC. Produtos cartagineses concorrendo na Itália; pretexto: reação a Numídia; Cartago completamente destruída.
As conquistas externas tiveram as seguintes repercussões
1. enriquecimento dos patrícios;
2. aumento do número de escravos;
3. formação da classe eqüestre: plebeus enriquecidos cobrando impostos;
4. Empobrecimento dos pequenos proprietários;
5. aumento das importações;
6. êxodo rural
OS CONFLITOS SOCIAIS
Após as Guerras Púnicas as diferenças sociais em Roma foram intensificadas. Um dos fatores dessa intensificação foi a concentração de terras, que gerou um número cada vez maior de pequenos proprietários rurais e trabalhadores do campo que não podiam concorrer com os escravos, Mao de obra muito mais barata e os latifúndios.
A tentativa de resolver esse problema foi a reforma que os irmãos Graco tentaram realizar no período de 131 a 121 aC.
Tibério Graco (133 aC) propôs limite de 125 hectares de terra para latifundiários; foi assassinado numa sessão em recinto do Senado; Caio Graco (123 aC): elaborou a Lei Frumentária, que determinava a distribuição de trigo a preços baixos para os pobres e a reforma agrária; cercado numa colina romana, Caio ordenou que um escravo dele o assassinasse.
A CRISE DA REPÚBLICA ROMANA
As tentativas frustradas de reforma dos irmãos Graco representaram uma ameaça aos interesses da classe patrícia. Uma vez que as tensões se agravaram iniciou-se um período em que o governo ficou nas mãos de ditadores. Os que mais se destacaram foram:
- Cláudio Metelo
- Mario – general plebeu: reestruturou o exército romano com a instituição do salário, garantiu a participação dos soldados nos espólios da guerra e derrotou Cimbros e teutões;
- Sila – filho de clientes: reprimiu violentamente as revoltas, aumentou o número de senadores e revogou o poder dos tribunos da plebe, renunciou em 78 aC.
Outros generais apareceram e disputaram o poder em vários pontos do imenso domínio romano. Três se destacaram e passaram a dividir o comando de Roma, formando o que foi chamado I Triunvirato: Crasso, Pompeu e Julio César.
Crasso foi morto em 53 aC em guerra contra os partos, Pompeu foi morto por César no Egito assumindo o comando sozinho de Roma. Júlio César conquistou a Gália em 58 aC, distribuiu terras, 1/3 de homens livres como pecuaristas, estendeu a cidadania a todos da península itálica. Foi assassinado em 44 aC em sessão do senado.
Com a morte de César, mais três generais disputaram o poder e formou-se o II Triunvirato: Otaviano, Lépido e Marco Antonio.
Otaviano, sobrinho e filho adotivo de Júlio César; derrotou Marco Antonio na batalha de Actium e a partir daí concentrou poderes até receber o título de imperador romano.
As principais realizações de Otavio Augusto Cesar foram:
1. criação do serviço postal
2. distribuição de terras aos combatentes veteranos
3. aposentadoria para os veteranos oriunda de tesouro juntado com imposto sobre as classes ricas
4. fim do recrutamento obrigatório
5. manutenção de forças de 300 mil soldados
6. distribuição de trigo do Egito para a plebe urbana
7. início de grandes obras públicas na cidade
- pax romana: províncias pacificadas
Otávio - indicou Tibério para sucedê-lo (genro)
Após a morte de Augusto os imperadores que assumiram faziam parte de dinastias:
- Julio-claudiana (14-68) >> Tibério, Calígula, Cláudio, Nero (suicídio)
- flaviana (69-96) Vespasiano-> retirou do senado os elementos aristocratizantes, reorganizou o exército; reprimiu motins na Gália e no Oriente Médio; Tito e Domiciano
Dos Antoninos (96-192) > caracterizou-se pela atenção aos grupos populares; Trajano-> aumentou os domínios até a Mesopotâmia e Armênia; fim do processo de conquistas, Adriano, Marco Aurélio e Cômodo, que governou violentamente até 192, quando foi assassinado.
A partir de 193: a guarda pretoriana indicava um imperador, aceito pelo senado; outros exércitos indicavam outros imperadores
Sétimo Severo (193-211): militar, aumentou o salário dos soldados; quadruplicou a guarnição de Roma; suprimiu os direitos do senado
Caracala (211-17) concedeu direito de cidadania a todos os homens livres; revoltas políticas e militares; foi assassinado.
CRISE DO IMPÉRIO
Com o fim das guerras de expansão, o império romano sofreu um severo golpe no modo de produção, uma vez que os escravos eram a principal mão-de-obra usada. Além disso, os povos dominados começaram a se revoltar,ocorreu o deslocamento de grupos humanos como os judeus, movimento conhecido como a Diaspóra. Some a isso a intervenção de militares na escolha de imperadores sendo vários deles assassinados. O crescimento do cristianismo também foi outro fator importante na crise do império. A chegada de povos estrangeiros também foi outro fator importante naquele momento.
Logo, não houve um único motivo para a crise do império e sim uma gama de fatores que influenciaram no processo.
MOMENTOS FINAIS
Entre as tentativas de pôr fim a crise podemos destacar as ações de Diocleciano, que dividiu o império em quatro e nomeou dois herdeiros, um para o ocidente e outro para o oriente; seu governo foi despótico, aumentou os impostos e perseguiu os cristãos na tentativa de acabar com a crise religiosa; após sua morte os indicados ao trono e seus filhos disputaram o poder.
Constantino encerrou a tetrarquia e assumiu como governante único. O Edito de Milão, de 313, concedeu liberdade de práticas religiosas aos cristãos. Percebendo que as províncias do oriente sustentavam o ocidente, mudou a capital para Constantinopla.
Teodósio foi o último imperador do império unido. Estabeleceu o cristianismo como religião oficial, acabando com o culto das Vestais; estabeleceu também a capital do oriente em Constantinopla e do ocidente em Milão.
Odoacro, líder dos Hérulos, dominou o império romano do ocidente em 476, quando destronou Rômulo Augústulo, de apenas dez anos de idade.
CULTURA
O maior legado romano foi o Direito, que constitui a base de muitos códigos civis modernos.
A religião romana era politeísta antropomórfica e estava ligada ao Estado, que prescrevia normas detalhadas para o culto público. As festas eram em honra ao deus Saturno – saturnálias – eram as mais importantes.
0 comentários:
Postar um comentário