Desde o final das eleições o suposto engajamento político virtual feicebuquiano foi amansado. Algumas amizades foram refeitas e outras continuam afastadas devido ao processo eleitoral que quase destruiu famílias inteiras.
Mas esse amansamento não quer dizer que a "política" saiu das redes, mas que reduziu sua presença ou sua gana. Agora o que mais se vê é uma espécie de indireta (semi direta) temperada com sarcasmo. Algo do tipo: "cadê o pessoal que votou na Dilma?" "Ué, não é essa a esquerda do voto crítico? Quero ver agora que ela tá nomeando fulano, ciclano , beltrano, deuterano etc."
Essas afirmações em nada contribuem para a vida política e, por extensão, democrática. A prática política é marcada por contradições que são parte da própria existência humana. O princípio da cidadania ativa é a continuidade, é a renitência na busca pela ampliação de direitos, cumprimento de deveres e uma espécie de combate tanto para evitar supostos avanços e retrocessos (dependendo de quem reivindica pode ser um ou outro).
Esse "mimimi" ferino em nada contribui para a melhoria das condições de vida da maior parte da população. É como se fosse a indignação de quem não sabe lidar com a frustração por não conseguir o que queria ou mesmo por não conseguir lidar com o que diverge de sua visão de mundo, sua cosmovisão.
O fundamento da vida democrática é o conflito - de interesses e necessidades. A negociação e o conflito são parte de legítima democracia. Isso não quer dizer que devemos aceitar o que para nós é colocado por quem elegemos. É exatamente o oposto disso inclusive para quem não escolhemos para nos representar.
Logo, escutemos Tom Zé e sua canção DEMOCRACIA, que aborda em termos bem interessantes esse regime em suas "dores e delícias".
pense FORA DA CAIXA
Democracia
Tom Zé
Democracia que me engana
na gana que tenho dela
cigana ela se revela, aiê;
democracia que anda nua
atua quando me ouso
amua quando repouso.
É o demo o demo a demó
é a democracia
é o demo o demo a demó
é a democracia.
Democracia, me abraça
com tua graça me atira
desfaz esta covardia, aiê;
democracia não me fere
mira aqui no meio
atira no meu receio.
Democracia que escorrega
na regra não se pendura
na trégua não se segura, aiô;
democracia pois me fere
e atira-me bem no meio
daquilo que mais eu mais receio.
Democracia, não me deixe
sou peixe que fora d'água
se queixa, morre de mágoa, aiê;
democracia não se dita
maldita seja se dura,
palpita pela doçura.
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