Quinta-feira, Janeiro 26, 2012
COMO FABRICAR UM REVOLUCIONÁRIO
E assim foi o dia 25 de janeiro. Em passeata os estudantes mais uma vez quase pararam o centro da cidade. Quase, pois não encontraram resistência aos seus passos em toda a extensão da Av. Cde. Da Boa Vista até o palácio do governo. Mas deixaram o trânsito lento e com certeza chamaram a atenção da população.
Encontraram mais apoio. Pelo menos visivelmente. Chuva de papel caiu de janelas de vários prédios da Avenida. Um espetáculo, se comparado aos episódios anteriores, marcados por lágrimas apimentadas e morais baleadas.
Nem o temido e enfrentado Batalhão de Choque deu as caras. Para alívio de alguns e tristeza de outros que viam na presença dos homens escudados uma nostalgia da época áurea dos conflitos de rua contra os representantes dos interesses dos grupos mais ricos.
Estudantes protestaram em frente ao Palácio |
Caminharam os estudantes em marcha, entoando palavras de ordem, algumas de baixo calão. Mas caminharam, cantaram e ficaram frente a frente com a polícia militar, encarregada de garantir a segurança do representante-mor dos interesses do Estado.
Teve inclusive participação de ex-candidato.
O movimento ficou em frente ao Palácio até aproximadamente as 18h30. Pouco tempo depois, as 22h13min, foi postado pelo Governo do Estado que:
Eduardo recebe movimento estudantil e Governo analisa pauta de propostas.
Entretanto, no ne10, antes, às 20h40min, foi postado que:
Uma comissão formada por 27 pessoas, representantes de seis organizações estudantis pernambucanas, foi recebida pelo governador. De acordo com a assessoria do Palácio, a comitiva teria chegado por volta das 16h30, uma hora antes do protesto alcançar seu destino final. O grupo que organizou o protesto desta quarta, porém, afirma que nenhum representante teria sido recebido no Palácio.
Qual das duas postagens traz informações verídicas? Se esse encontro ocorreu, por que os manifestantes não sabiam? E se sabiam, por que a marcha aconteceu?
Segundo as fontes acima citadas, foi apresentada uma pauta com as reivindicações, respondendo ao que o governador falou em entrevista, seu primeiro pronunciamento acerca do acontecido.
Parafraseando o líder revolucionário: o que fazer?
Segundo um amigo meu, filósofo, a luta tem que ser feita de outra forma. Repetimos a tática, a mesma, que pouco funcionou em outros tempos. Para ele e não apenas ele, o capital só escuta se você atinge diretamente aquilo que o sustenta. Incendiar ônibus? Sim. Seria uma possibilidade. Não facilitar o troco? Sim. Ir andando ao trabalho? Sim. Desde a mais incisiva até a mais simples, a ação é válida.
Tudo está interligado. Incendiar ônibus atinge materialmente a empresa, logo o empresário naquilo que gera renda para ele. O que gera renda para ele, e gera muito mais que o ônibus é o usuário. Sem usuário, sem renda. Não pegar ônibus? Isso vai gerar demissão. Incentivo ações que vão gerar o desemprego? Pensemos fora da caixa.
Tudo está relacionado: o patrão do vendedor da loja explora seu empregado em uma jornada de trabalho desumana e em muitos casos se trabalha para obter folga. É exploração da força de trabalho. Aquela menina, atendente de telemarketing, trabalha para uma corporação que tem sede na Holanda. A mão-de-obra dela é aqui. É sua força de trabalho vendida a preço módico.
Pense: se as vendedoras de lojas se atrasam ou cruzam os braços, eles pararão de vender. O que vai gerar prejuízos para o patrão. Se os que não estão empregados entendem que a vaga aberta naquela loja é vaga para ser explorado e decidem não trabalhar, os patrões precisarão rever as condições de trabalho.
Se o trabalhador cruza os braços, pois não aceita pagar passagem mais cara, se o desempregado apoia o não pagamento de passagem mais cara e se recusa a ocupar a vaga aberta pelo demitido atinge-se o capital numa escala maior. Ou seja, atinge-se o sistema nas suas ligações.
Como fazer isso? Conscientização do todo. Tudo está interligado. Quando os vários grupos em luta entenderem que os inimigos são os mesmos, ainda que usem máscaras diversas, e agirem incisivamente atingindo o ponto nevrálgico do sistema, aí sim, poderemos mudar. Atingiremos o modo de produção. Isso sim será a revolução.
Assim se fabrica um revolucionário: abrindo os olhos e mente para o todo. Às vezes as ideias divergem mas o bem maior deve ficar acima dos interesses pessoais, políticos, partidários etc...
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TENHA HISTÓRIA NA CABEÇA.
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