Quando ouvimos falar de História, pensamos rapidamente em colunas gregas, em dinossauros, em gladiadores romanos ou em múmias egípcias. História é entendida como o estudo do passado e apenas o passado interessa. Tanto que costumo dizer em minhas aulas que toda mulher deveria casar com um historiador, pois quanto mais ela envelhecer, maior será o interesse dele por ela, afinal, adoramos coisas antigas.
Comentários jocosos a parte, a chamada história recente ou história contemporânea não é estudada em profundidade. Passamos rapidamente pela Era Vargas, mal vemos em sala de aula o período democrático e quando tratamos de ditadura militar é difícil não cair nas lutas estudantis, nos festivais da canção e nas torturas que já foram muito exploradas em seriados e telenovelas. E quando tratamos de período pós ditadura, a chamada Nova República, é que a situação é tão sucinta que pouco se lembra do que aconteceu.
Pois bem, sempre tento realizar essa ponte entre o que passou e o que temos agora. A partir de minha experiência trabalhando com ensino de História através de eixos temáticos, busco tratar os temas a partir da busca por semelhanças e diferenças e de mudanças e permanências entre tempos e lugares, diversos ou não.
O recente ataque das forças militares contra Pinheirinho demonstra uma série de semelhanças e permanências na maneira de agir das forças que deveriam garantir a segurança e o bem-estar de todos com um outro momento da história do Brasil, a Primeira República, especificamente a guerra movida contra o arraial de Canudos entre 1893 e 1897.
Truculência, desmandos, carteiradas aconteceram e não foram mostradas pela grande mídia. Um certo telejornal, o Nacional, afirmou que os moradores de Pinheirinho foram orientados a ficar lá no dia da realização do despejo. Vale notar que vários moradores prestaram depoimentos e nenhum mencionou tal situação.
Durante a república velha, especificamente a república das oligarquias, na região do Vaza-Barris, na Bahia, ações tão violentas quanto as realizadas contra Pinheirinho ocorreram. Entraram para a história oficial do Brasil como guerra de canudos. Antonio Conselheiro foi a liderança dos que resistiam. Milhares morreram.
Massacre de Pinheirinho |
E se quisermos podemos lembrar da revolta da Vacina (1904), que também esteve relacionada, entre outros motivos, ao processo de modernização da cidade do Rio de Janeiro.
Não é que a história se repita, mas há permanências nas ações humanas no tempo que têm que ser identificadas. E além de identificadas, problematizadas. História não é para trazer esperanças, mas para levar a questionamentos e até ações.
Se conseguirmos identificar a quem serve a manutenção de tal estado vigente, poderemos elaborar ações para muda-lo, ações que sejam diversas das que foram realizadas antes e não deram o resultado esperado. Neste aspecto a história pode ser o que Cícero afirmou, a mestra da vida, guiando ações de transformação social.
Assista documentário acerca da desocupação de Pinheirinho e pense fora da caixa.
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Tenha HISTÓRIA NA CABEÇA.
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